Elinini: a adversária da humanidade.

 

Antes de falarmos sobre Elinini, é importante refletirmos sobre a religião do Orixás e os demais sistemas de crenças, pois tal linha de pensamento será importante para o nosso entendimento completo sobre o assunto.

Assim sendo, as religiões com o maior número de adeptos atualmente (católicos, evangélicos/protestantes, etc), trabalham com o ideal de bem e mal, céu e inferno, Deus e o Diabo. Entretanto, nem todas a religiões possuem esse sistema, se olharmos para as crenças do Egito Antigo estaremos numa dualidade, mas entre Caos (Izft) e Ordem (Maat). Na seara Nórdica vislumbramos os Gigantes (Jotun) e os Deuses (Vanirs e Aesir) que se enfrentarão no Ragnarok (Fim dos Tempos/Apocalipse) e um último exemplo seria as crenças da Grécia Antiga, entre Titãns (seres divinos que representam aspectos mais selvagens) e os Deuses (representantes de uma sociedade moderna), ou seja, antigo vs novo. 

Na religião do Iorubas não existe propriamente uma figura negativa principal, como Lúcifer na bíblia, por isso é extremamente errado comparar Exu (Orixá) com o Diabo ou assemelhar os exus (espíritos) aos demônios, visto que tais figuras NÃO EXISTEM no sistema de crença dos Orixás. As ideias principais do culto aos Orixás gira em torno da Natureza, Antepassados e na evolução dos eguns (espíritos). Dito isso, trabalharemos com a ideia de evolução e involução.

Enquanto os Orixás, os guias espirituais (exus, pomba-gira, êres, etc), odus (caminhos) e o próprio Olodumaré (Deus, sim a religião acredita em um Deus Supremo) proporcionam ferramentas para a evolução e crescimento moral, espiritual e ético; temos no lado contrário os Ajoguns, responsáveis pela perda, doença e diversos infortúnios. Inclusive por corromper os seres-humanos para ideias maldosas, práticas maléficas e demais sentimentos e ações negativas.

Nesse sentido, Elenini, também conhecida como Yeyemuwo (“mãe da desgraça”), é a guardiã dos salões de Olodumaré, sendo inclusive testemunha das aspirações de cada um perante o Criador e sua tarefa é justamente testar o nosso caráter, criando diversos obstáculos e induzindo nossos pensamentos e atitudes para a desvirtuação. Porém, conforme dito acima, não existe a figura Maligna que existe nas religiões cristãs, por exemplo.

Elenini é vista como um contraste ao nosso próprio Ori (o responsável por nos guiar por bons caminhos durante a vida). Assim sendo, Elinini testa a nossa moral, ética e caráter perante os infortúnios da vida. Podendo dominar totalmente quem sucumbir ao seu poder, caindo em uma vida de desgraça, perdas e até mesmo loucura. Essa força, veio a principio para testar os Orixás que vieram primeiramente ao Aye (Terra), sendo uma espécie de fiscal daqueles que exerciam boas influencias no Mundo e prol da evolução do planeta como um todo. 

Não existe culto a Elinini, nem aqui e muito menos na região original do culto aos Orixás. Apenas existem formar de afastar a sua influência, por intermédio dos designíos dos oráculos (Ifá), na manutenção de um bom caráter e de atitudes em alinhamento ao Ori de cada um, pois ele busca sempre nos encaminhar para o caminho da evolução e bonança. Por conta disso, muitos dizem que Elinini é a adversária do Ori, sempre tentando desvirtuar o seu caminho e seus esforços para que não alcancemos a evolução. 

Concluindo, Elinini não é um Orixá, nem um Exu ou qualquer outra entidade nesse sentido, mas sim a junção de forças malignas e deletérias que buscam desviar os seres-humanos do bom caráter, altruísmo, esperança, fé e principalmente da evolução. De tal modo, evitar sua influência consiste em cultuar um bom Ori, seguir os ebós e demais orientações do Oráculo (Ifá), cultivar os bom-senso, a ética, a boa moral e afastar-se de pessoas que estão sob as forças de Elinini, ou seja, aquelas que são destrutivas que não escolhem fazer o bem, pois você poderá acabar atraindo o mesmos efeitos na sua caminhada. 

Axé a todos e Saravá Orixás.